Quantas vezes, tal como Pedro, fui impetuoso, enérgico, corajoso e valente.
Quantas vezes quis "andar sobre as águas"mesmo que depois eu afundasse.
Quantas vezes quis "cortar orelhas" daqueles que querem acabar com o Mestre.
Quantas vezes fui até usado por Deus, e falei palavras sábias pela Graça do Espírito Santo.
Quantas vezes abandonei tudo pelo Mestre, minhas "redes de pesca e família " para ouvir as Palavras do meu Jesus.
Quantas coisas presenciei e milagres observei.
Quanto tempo já ando com o Mestre!
Mas foi numa fogueira que descobri algo sobre minha fé!
O olhar do Mestre me fez chorar profundamente.
No meio dos discípulos sempre fui corajoso, afinal o Mestre estava ali e ele tudo pode. Sei que estou seguro em suas mãos.
O problema é quando o sermão de "poder e lágrimas" do domingo acaba.
Volto para casa e a semana começa.
Começam as lutas, tribulações, provações e vales.
Achei que tinha fé.
Mas minha fé era sem substância.
Quando a coisa "aperta", quando chega a hora do "vamos ver", quando os homens dizem: Este é um dos discípulos, prendam-no para morrer junto com seu Mestre; eu fujo e me escondo numa fogueira.
Fogueira que é acesa pelas pessoas que querem a morte do meu Mestre.
Minha fé não foi suficiente para me aquecer no momento que era preciso.
Descobri que é muito fácil ter fé no ambiente da igreja e dos discípulos.
O difícil é ter fé "quando tudo diz que não".
O difícil é ter fé quando o diagnóstico do médico é assustador e mortal
O difícil é ter fé quando somos reconhecidos como discípulos para sermos perseguidos.
O difícil é ter fé quando perdemos nosso conforto, quando nossa alma se angustia e quando estamos no vale da sombra da morte.
Aquele olhar do Mestre tem me perseguido várias vezes.
Sou também como Judas, um traidor.
Traidor da fé!
Preciso de uma fé madura e infantil, pois de fé adulta e racional já estou cheio.
Estou cheio de seguir a Cristo só na bonança.
Estou cheio de seguir a Cristo só na benção.
Estou cheio de seguir a Cristo até o limite do meu conforto.
Estou cheio? Ou será melhor eu dizer que estou vazio?
Preciso da fé que Lutero falou: Atirar-se em Deus para viver ou morrer.
Tal como Pedro, na hora que meu Mestre foi condenado, me esquivei.
Amei mais minha própria vida, enquanto deveria ter amado mais a Vida, a Verdade e o Caminho.
Preferi me aquecer com o mundo, já que isso significaria um pouco mais de sobrevivência e conforto.
Preciso de uma coragem concreta.
Não quero mais viver conformado.
Conformado com esse mundo.
Conformado com a sociedade.
Conformado com a religiosodade.
Não, não e não. Chega!
Ficarei no frio mas não negarei minha fé!
Minha fé irá me aquecer no dia mal.
Será o combustível da minha alma.
Ainda que os homens queiram matar meu corpo e jogá-lo no oceano Ártico, jamais poderão apagar esta fé que se acende em mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário